Quarta-feira, 4 de Julho de 2007

Pré-adolescência

Ainda ontem o meu filho estava a jogar à bola, a brincar com os Action Man e a pedir para eu brincar com ele às lutas em cima da cama e hoje, sem eu saber como, passa os dias agarrado ao telemóvel, que constantemente avisa a recepção de mensagens, passa horas a falar com amigos no msn , tem uma namoradinha com quem se passeia de mão dada, só quer vestir roupas "fixes" e calçar sapatos de certas marcas, escolhidas rigorosamente, e declina firmemente o beijinho da manhã (que era habitual) quando o deixo à porta da escola porque, segundo expressão dele, não quer "fazer figurinhas".

E pronto, com tantos sinais era impossível, por mais que me custasse admitir, não constatar que o meu filhote, o meu bebé que ainda ontem nasceu, já é um pré-adolescente. Começou a chamada "idade do armário"! Tendo já passado por isso 2 vezes seria de esperar que estivesse preparada para mais uma etapa de contestação e exigências de independência mas a verdade é que não estou...mesmo!

É a fase das enormes mudanças no corpo e na cabeça. A insegurança relativamente ao seu aspecto faz com que os quase adolescentes tenham reacções dramáticas a coisas para nós insignificantes, como por exemplo o aparecimento de uma borbulha ou o facto de não terem sido convidados para a festa de um colega.

Quando os nossos filhos começam a dar os primeiros passo na adolescência há a tendência para um afastamento dos pais, fazendo-nos sentir um pouco perdidos em face às mudanças que ocorrem com eles e por vezes não sabendo agir diante delas. Por vezes, com medo de perder o controlo, impomos limites demais e talvez não nos mostremos tão abertos ao diálogo como seria ideal. Eles, por sua vez, sentem-se incompreendidos e ficam com medo de conversar connosco por acharem que vamos reprovar os seus comportamentos e atitudes. Cria-se assim um ciclo vicioso do qual todos saímos prejudicados. Comecei a fazer pesquisas sobre a melhor forma de lidar com esta fase e encontrei dicas bastante boas sobre o assunto.

Para evitar que isso aconteça, transcrevo aqui algumas recomendações de um psicanalista:

  • Aproxime-se do universo do seu filho, mantendo-se informado sobre seus gostos e interesses.

  • Mostre-se sempre disposto a conversar sobre qualquer assunto, mas sem o forçar. Não insista para que ele fale sobre algo que ele não quer, pois a conversa deve ser espontânea.

  • Não assuma uma postura de crítica em relação a tudo. Em vez de dar um sermão por cada coisa que acontece, procure saber o que aconteceu, o que levou seu filho a agir de determinada maneira e converse muito com ele.

  • Mostre-se interessado pela vida do seu filho. Pergunte sobre o que aconteceu na escola, porque é que ele brigou com o amigo, etc.

  • Elogie quando seu filho fizer algo bom. Ele sentirá que não apenas os erros são levados em conta, mas os acertos também.

  • Seja simpático e bem-humorado com os amigos do seu filho. Se os amigos dele gostarem de você, seu filho ficará mais próximo, pois também achará sua companhia interessante.

  • Não seja chato! Não ralhe justamente quando ele está se divertindo - com um jogo de computador ou vendo um filme na televisão - e muito menos na frente dos amigos. Nada de sermões intermináveis, pois eles não funcionam. Dê seu recado de forma breve.

  • Nunca use a frase "no meu tempo, não era assim" como argumento para alguma proibição. Isso cria um distanciamento entre você e seu filho, que ainda por cima se sente comparado aos pais - e já vimos que os pré-adolescentes detestam isso.
  •  

    publicado por daplanicie às 22:24

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    15 comentários:
    De Flá a 5 de Julho de 2007 às 09:56
    Bem tendo em conta que já viveu esta experiencia é muito bom ver que a vive como se da primeira vez se tratasse pois os tempos também mudaram certamente desde a ultima vez que viveu essa experiência por que os tempos mudam de ano para ano...usar conhecimentos anteriores pode não ser muito proveitoso .
    os meus pais decidiram fazer essa investigação um pouco tarde, não diria tarde de mais, porque admitir erros e tentar melhorar nunca é tarde, mas aos 18 é um pouco tarde, sei que de certa forma até é compreensível porque na idade em que o deviam ter feito estiveram mais ocupados com o meu irmãozito que nasceu quando eu tinha 14 anos, que isto não pareça ciúmes de irmã mais velha por não o são se há pessoa que amo é o meu irmão e às vezes até acho que lhe deviam dar mais atenção e outras até mesmo mais tolerantes, sendo que noutras menos, mas isso é o normal.

    este comentário já está um pouco longo mas mesmo assim não vou deixar de falar dos exames, porque depois de amanhã posso não mais querer fazê-lo, visto que saem as notas da primeira fase, se tirar menos de d 9,5 nos exames significa repetir o ano, estou quase em pânico, no entanto, tenho consciência de que fiz tudo o que podia, mas não é fácil fazer em 6 meses o que muitos não conseguem em 3 anos...pois é...eu no final do primeiro período mudei de agrupamento, já com uma disciplina de ciências feita e anulando uma com nota de 16...larguei tudo e segui o que sempre quis, mas colocando uma corda ao pescoço pois sabia que só havia uma maneira autopropor-me a exames nacionais de 4 disciplinas , fui assistindo a aulas, não a todas pois recuso-me a participar voluntariamente em espécies de aulas, momentos em que o professor finge que sabe e finge que ensina, quando apenas lê o que está no livro e mal porque é fanhoso, recuso-me a participar nisso...nas outras disciplinas fui fazendo testes nos quais obtive resultados bastante animadores e incentivadores ...mas com exames nacionais a musica é outra...
    peço desculpa por me ter alongado de uma forma tão extensa LOL parece-me que esta redundância encaixa bem no comentário que fiz beijinhu
    De daplanicie a 5 de Julho de 2007 às 13:48
    Não posso estar mais de acordo com o que dizes e é muito importante ouvir o ponto de vista de alguém que passou recentemente por esta fase e não está directamente envolvida na situação. Na verdade é tudo muito diferente do tempo de adolescentes dos meus filhos mais velhos, parece que de ano para ano se torna um pouco mais difícil pois na nossa sociedade as solicitações (nem sempre boas) são cada vez maiores e a permissividade em demasia também. É por isso que por vezes tenho que me impor com o filhote quando quero traçar limites porque invariavelmente vem a resposta " mas o ... faz", "mas eles vão", ao que respondo que não tenho nada a ver com a vida de ninguém mas me deixa uma desagradável sensação de dúvida de se estarei a ter a atitude mais correcta. Enfim, tudo há-de correr pelo melhor com fé e muitaaaa boa vontade.
    Parabéns pela força de vontade em atingires os teus objectivos e continua assim. Um grande beijinho para ti
    De guiga a 5 de Julho de 2007 às 11:37
    Ainda não tenho filhos, mas acredito mesmo que seja uma frase tramada. Pelo menos para mim foi, por isso acredito que para os meus pais também.
    Mas, acho que com compreensão tudo corre bem!

    Boa quinta-feira!*.*
    De daplanicie a 5 de Julho de 2007 às 13:42
    Já dizia a minha avó: "Filho és, pai serás, conforme fizeres assim acharás". :-)
    De nofimdoarcoiris a 5 de Julho de 2007 às 12:00
    Entendo perfeitamente as tuas preocupações pois tenho uma filha prestes a fazer 15 anos! Felizmente, até agora, tem sido fácil pois ela fala bastante comigo! Quando chego a casa tento arranjar sempre "disponibilidade" para a ouvir, pois sei como é importante que ela sinta que estou ali!
    Também fui adolescente e sei como senti falta de compreensão. Não falava porque sentia que seria recriminada por tudo o que dissesse.
    A adolescência é uma fase tempestuosa na vida de qualquer um, e temos de tentar ajudá-los a ultrapassá-la, sem sermões, mas mostrando-lhes os perigos nos caminhos que decidem seguir. Que todas as decisões que tomarem terão mais tarde uma consequência, boa ou má, e que serão eles os responsáveis.
    Não é fácil mas é possível.
    De daplanicie a 5 de Julho de 2007 às 13:41
    E o meu tem 12 e parece que tem 15, na maneira de pensar, nas atitudes, nas reivindicações...enfim, é muito precoce o rapazinho!! :-)
    De MJGomes a 5 de Julho de 2007 às 12:45
    Como me senti retratada neste desabafo...

    Como mãe de um bebé de 13 anos não me poderia sentir mais perdida no seu mundo... Ai ai!!...
    De daplanicie a 5 de Julho de 2007 às 13:40
    Com alma tudo se consegue. O importante é demonstrar-lhes o nosso amor e disponibilidade para os ouvir. Para nós continuam bebés mas na verade já querem voar para fora do ninho.
    Obrigada pela visita ao meu "cantinho" e pelo seu comentário. Cumprimentos
    De paisagemviva2 a 6 de Julho de 2007 às 14:23
    Eu compreendo, também sou mãe de uma pré-adolescente e não é nada fácil, mas sinto que tenho sorte pois ela é linda, simpática, sensível e compreensiva (mãe babada!), claro que tem épocas mais complicadas e aí sou eu que tenho que ser compreensiva e dar-lhe espaço e muito amor, assim ela sabe que estou sempre ali para o que for preciso.
    Como sei que a auto estima nestas idades é muito abalada, estou sempre a dizer-lhe que está muito bonita e a aconselhar algum creme para as borbulhas ou um tónico de limpeza, assim ela sabe que me preocupo.
    Não sou uma supermãe, nem tento ser, pois eles têm que compreender que somos humanos como eles e falhamos.
    Mas dou o meu melhor...

    Boa sorte e desempenho para todas as mães e muita calma!!!!
    Paisagemviva
    De daplanicie a 7 de Julho de 2007 às 10:43
    Acho que a palavra chave é mesmo "calma" porque nem sempre é fácil lidar com as alterações que sofrem os nossos pimpolhos. Obrigada pelo comentário. Cumprimentos :-)
    De Estupefacta a 6 de Julho de 2007 às 23:34
    Eu, mãe apenas de uma pré-adolescente, bem sinto todas estas palavras.
    Mas no fundo, não tenho que me queixar. A Maria é um amor de menina (mulher?!).
    Lembro-me do que fui, do que senti e, por isso, evito cometer os mesmos erros... mas, por vezes, sinto-me muito injusta com ela.
    Um beijinho muito grande
    De daplanicie a 7 de Julho de 2007 às 10:44
    Essa sensação é muito comum porque por vezes reagimos a quente e depois analisando bem a questão vemos que se calhar podíamos ter sido mais flexíveis com eles. Mas ouvimos tanta coisa má, não é? Beijinho grande
    De paisagemviva2 a 12 de Julho de 2007 às 12:23
    Fica agora um pouco do que precisam de saber sobre a campanha.
    O tema "O mesmo olhar" será o hino da Raríssimas e do seu projecto de acolhimento e apoio a crianças com doenças raras e seus familiares, a Casa dos Marcos. Esta é mais uma etapa de sensabilização para as doenças raras que conta com o apoio da Drª Maria Cavaco Silva. O CD-DVD vai estar à venda até final do ano no El Corte Inglês e insere-se numa campanha de sensibilização e angariação de fundos para a Casa do Marcos, a decorrer durante 2007. Com o início da construção agendado para o último trimestre de 2007, e conclusão em 2009, a casa terá porta aberta para uma população portadora de doenças mentais e raras adulta ou jovem adulta, com carências de apoio, e de actividades lúdicas e intelectuais. A nível mundial estão contabilizadas cerca de 7200 doenças raras, 300 das quais identificadas em Portugal. Cerca de 8% da população portuguesa tem uma doença rara, que pode ou não estar diagnosticada. Em todo o mundo são reportadas cinco novas doenças raras por semana. A Raríssimas existe desde 2002 para apoiar doentes, famílias, amigos de sempre e de agora que convivem de perto com as doenças mentais e raras.
    Ajudem
    se quiserem saber mais podem sempre visitar este site e blog:
    http://www.rarissimas.pt/home.php
    http://alguem-me-disse.blogspot.com/
    Conto convosco!!!!!
    De Caroll a 4 de Setembro de 2009 às 23:32
    esses seus conselhos me ajudaram a fazer um trabalho da escola sobre vazes da vida

    VALEU!!
    De Carolina a 11 de Maio de 2010 às 18:25
    Olá,

    Em primeiro lugar, gostaria de lhe dar os parabéns pelo seu blogue, que costumo seguir e gosto imenso. Não sei se conhece a Giggle (www.giggle.pt), um site e revista digital para crianças e famílias, com ideias para se divertirem. Acabámos de fazer um blogue dirigido às famílias com passeios, programas em casa, receitas, festas, dicas de organização, tudo para a família e muito child-friendly. Gostaria de lhe pedir autorização para pôr um link no nosso blogue para o seu, pois acho que os nossos leitores iam gostar. Já agora deixo o convite para passar por lá e dar o seu feedback - http://gigglefamilia.blogspot.com/.

    Obrigada,

    Carolina

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