Às vezes acontecem-me coisas que me levam a pensar que devo ter um íman que atrai coisas bizarras e inacreditáveis. Ainda nem há uma hora atrás, tocaram à campainha, fui atender. Ninguém respondeu e também não conseguia ver ninguém pela câmara. A cena repetiu-se outra e outra vez. À última vez responde uma senhora de sotaque brasileiro a perguntar-me se posso ficar com uma menina que ela encontrou aqui perto porque precisa de se ir embora para o emprego e não sabe o que há-de fazer.
Fiquei atónita e sem saber muito bem como agir e comecei a pensar que devia ser um novo truque de assalto a residências. Tenho um bocado de tendência para acreditar que todas as pessoas são boas e tenho uma característica naif que me esforço por superar porque, neste jardim zoológico em que vivemos, pessoas como eu normalmente são os alvos visados pelos predadores de todo o género. Então resolvi dizer-lhe que ia à varanda ver se conhecia a menina. E lá está ela, com uma menina de 2 ou 3 anos pela mão, que está só em cuequita como se tivesse acabado de acordar. Entretanto chega também um vizinho meu à varanda que lhe diz que há um infantário aqui perto e que a miúda deve ter fugido de lá. Dá-lhe as indicações e lá vai ela com a criança ao lado.
Fiquei a ver a cena e começa a formar-se-me um pensamento horrível de que ela pode ter raptado a miúda e depois ter-se arrependido e querer ver-se livre dela o mais rápido possível. A seguir ocorre-me a ideia de que ela realmente encontrou a miúda mas que como está cheia de pressa para ir trabalhar a vai largar lá mais à frente e que quem a encontrar pode não ser uma pessoa que toque às campainhas para ver se a conhecem.
Meu Deus, que sensação de aflição enorme. Vá de me vestir num ápice e lá vou eu a correr ao infantário. Realmente a senhora tinha lá estado mas elas não conheciam a menina. Disseram que enquanto a senhora insistia em a deixar lá porque não podia esperar mais, elas queriam ligar à polícia.
Nisto chegou um irmão da garota, descalço e branco como papel que andava à procura dela. Parece que ela estava a dormir a sesta e acordou sem eles darem por isso, saindo para a rua. E lá a levou para casa, feliz da vida de a ter encontrado a salvo.
No caminho de regresso a casa não me saía da cabeça como seria maravilhoso se todos os casos de desaparecimento de crianças tivessem um desfecho tão simples, rápido e feliz.
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