Não há nada que nos faça sentir tão "ultrapassados" como o olhar que um filho adolescente nos deita quando tecemos uma das nossas considerações sobre o que julgamos ser a vida.
O receio que têm de "fazer figuras" em frente aos amigos, impede-nos até do beijo de despedida matinal quando os deixamos à porta da escola. E se queremos mesmo deixá-los furiosos é utilizarmos um dos nomes carinhosos que utilizamos em casa, quando cá vêm os colegas.
É necessário estabelecer laços com os nossos filhos, especialmente quando atravessam uma fase tão conturbada como é a adolescência mas, embora seja a terceira vez que passo por tal situação, parece-me sempre que estou a pisar em falso. No fundo, tudo o que queremos é...
Ter filhos que acreditam nas suas capacidades e gostam de si mesmos.
Ter filhos que anseiam crescer e sintam estímulo de ser autónomos.
Ter filhos que se sintam mais valorizados do que criticados.
Ter filhos alegres, que de qualquer forma demonstram a sua alegria e sentido de humor.
Ter filhos que acreditam nos pais e no seu amor incondicional, mesmo quando fazem algum disparate ou não correspondem às expectativas.
Ter filhos que sabem aceitar os próprios erros e não tenham receio de os comunicar.
Ter filhos que, apesar das normais indecisões, vão procurando dar passos concretos para encontrar o seu caminho e o seu futuro.
Ter filhos que se sintam bem dentro de casa mas que, apesar disso, também apreciem estar com os amigos e sair com eles.
Ter filhos que abraçam e beijam e são capazes de expressar os sentimentos que sentem pelos pais e de receber afecto. Ter filhos que partilham em família as coisas mais importantes da sua vivência.
Ter filhos que cresçam a desejar vir a ser uns pais como aqueles que eles próprios têm.
Frequentemente tida como uma fase problemática, a adolescência é decisiva na formação de um adulto íntegro. Para nós, pais, é necessário um esforço para lidar correctamente com ela nunca esquecendo que por detrás da rebeldia de cada adolescente está a procura do seu "Eu" e de uma orientação.
O adolescente, apesar de muitas vezes aparentar fisicamente já ser um adulto, carece ainda de alguma maturação ao nível psicológico. O nosso grande desafio reside em tentarmos harmonizar esta transição, tornando-a o menos conflituosa possível. Acima de tudo é essencial que consigamos transmitir valores e regras, decisivos na formação de um adulto completo e com mais capacidade de enfrentar os desafios da vida.
Que todos gostam de questionar a nossa autoridade e de contrariar todas as regras que lhes impomos já não é novidade. Mas muitas vezes parece-me (já estou a passar por tudo isto pela terceira vez...é dose!) que mais do que uma vontade de nos contrariar, fá-lo porque quer descobrir onde se situa a barreira entre o bem e o mal, de forma a construir o seu próprio "mapa" de comportamento.
Por se sentirem pouco seguros de si mesmos, muitas vezes os adolescentes procuram explicações claras e seguras sobre o porquê das regras que impomos. Precisamos ser firmes mas sem cair no erro de nos tornarmos excessivamente autoritários. E é aqui, precisamente, que reside a dificuldade...
O meu filhote já está um homenzinho e acreditem que não constato isto sem uma pontinha de tristeza. É claro que não pretendia tê-lo debaixo das minhas saias até ter 40 anos mas também não esperava que ele começasse a ter estes rasgos de independência tão cedo. Por mim, ainda ficava no ninho por mais uns 15 anos. Pronto, 15 não digo, mas 10 e não se fala mais nisso!
É que o bom do rapazinho ainda nem fez os 13 anos e já vai fazer uma viagem de estudo de dois dias. Dois dias, onde já se viu?! Andou ontem numa excitação que só visto, a preparar tudo para levar na viagem e mais parece, pela quantidade de coisas que quis levar, que vai passar pelo menos um mês longe de casa.
Lá fomos fazer as compras da praxe e, por vontade dele, a mochila ia cheia mas era de guloseimas e bolachas. Comidinha a serio, que é bom, isso ele dispensava. Até tivemos que comprar uma lanterna porque a viagem vai incluir a noite passada num Campo Aventura, com jogo de pistas durante a noite, Karaoke e muitas mais coisas divertidas.
Já se está mesmo a ver que vai ser uma noite passada em branco...é ele e eu. Ele porque anda na brincadeira com os amigos e depois da excitação toda das actividades não deve haver quem os sossegue. E eu porque só estou descansada quando ele está a dormir ali, no quarto ao lado do meu!
Comentário do rapaz antes de partir "Sabes, mãe, se o autocarro chegar amanhã depois das 2 da manhã, ficamos dispensados das aulas da manhã". Ao que eu respondi "Duas da manhã?! Mas a chegada está prevista para as 20H!".
Ao que ele rematou, muito satisfeito da vida, "Pois, mas há uns dos mais velhos que disseram que vão furar os pneus do autocarro para virmos só às tantas!". E esta, hem ??
Olho para o meu filho, completamente absorvido nas teias de um jogo de computador ou imerso no seu mundo de envio e recepção de sms constantes e penso na diferença abismal que existe entre o que ocupa os miúdos de agora e o que se fazia no meu tempo sempre que havia tempinho livre.
Para além de adorar andar de bicicleta, jogar à macaca, ao esconde-esconde, badmington e outros jogos que tais, houve desde sempre um passatempo que era o meu preferido: a leitura. Sempre gostei de livros e desde pequena que me têm acompanhado e dado muitos momentos de prazer. Segundo diz a minha mãe, aprendi a ler com apenas 4 anos e a coisa que mais adorava era ficar muito quieta a devorar os pequenos livros de histórias que ela me comprava sempre que ia às compras. Isso foi o início de uma paixão que nunca mais havia de me abandonar.
E hoje, pensando nisso, lembrei-me imediatamente das colecções de livros que marcaram a minha infância. Eram os livros dos cinco e dos sete, ambas as colecções de uma escritora inglesa, Enid Blyton . Deliciava-me, então, a imaginar que também fazia parte das aventuras que a autora relatava, de um modo tão empolgante e real.
O vício era tal que, depois da hora imposta para dormir, eu cobria a cabeça com uma manta e lia até me fartar, com a ajuda de um pequeno candeeiro que enfiava lá debaixo. Penso até que terá sido de uma situação idêntica em qualquer ponto do globo que terá nascido a ideia das saunas.
Quando acabei de ler as duas colecções completas passei para outras que eram "O colégio das 4 torres" e "As gémeas no colégio de Santa Clara" , da mesma autora, e a magia continuava sempre presente em cada livro, em cada linha que se saboreava.
O certo é que dos meus três filhos nenhum me seguiu nos hábitos de leitura ( parece-me que a minha filha agora já vai lendo umas coisas...) apesar de todos os esforços e incentivos que fiz nesse sentido, e não consigo deixar de pensar que perdem uma riqueza que nem sequer conseguem imaginar.
Recordo-me como se fosse ontem a excitação imensa que se apoderava de mim e do meu irmão quando o meu pai decidia qual era o dia em que iríamos de férias. A partir daí e até à data marcada eu rezava para que o tempo corresse bem rápido tal era a ânsia da partida. A minha mãe, com a sua organização habitual, fazia listas infindas de tudo o que era necessário levar e, quando chegava o grande dia ( melhor dizendo...a grande madrugada porque para o meu pai, viagens boas são as que se fazem saindo de casa às cinco da mnhã), depois de uma noite em que mal pregávamos olho, lá se metia a tralha toda no carro (tralha essa que mais parecia uma mudança de casa do que umas simples férias de 15 diazitos) e lá partíamos cheios de alegria.
Desde que saíamos até que chegávamos aborrecíamos o meu pai até ao máximo que ele podia suportar, perguntando constantemente quanto tempo faltava para chegarmos.
E porquê este post saudosista? Porque há pouco, ao dizer ao meu filho mais novo (o único que ainda nos acompanha) que íamos passar o fim de semana ao Porto, o rapazinho reagiu como se eu lhe tivesse dito que o ia mandar para um colégio interno na Suiça, tal foi o rol de reclamações e lamúrias que tive que aguentar. E os amigos? Como é que ele podia brincar com os amigos se nós insistíamos em que ele nos acompanhasse? Sim, porque ele é perfeitamente capaz de ficar em casa sozinho enquanto nós vamos! Uma pessoa que apenas estivesse a ouvir pensaria que o rapaz tem, no mínimo uns 16 anos. Mas não...tem 12. E é um castigo cada vez que decidimos ir passar nem que seja um fim de semana fora, vá-se lá saber porquê.
É óbvio que eu entendo que ele prefira brincar com os amigos do que sair com os pais mas a verdade é que nós vamos e voltamos e os amigos cá estão prontos para a brincadeira e, muitos deles talvez roídos de inveja dos passeios que ele dá...contrariado.
E vêm-me à ideia as palavras do meu pai, quando assiste a este género de diálogos entre nós e o nosso pré-adolescente. Diz ele, com a sabedoria própria da idade, que o que dantes eram dificuldade demais são agora facilidades exageradas. E parece-me que é mesmo disso que se trata!!
Ainda ontem o meu filho estava a jogar à bola, a brincar com os Action Man e a pedir para eu brincar com ele às lutas em cima da cama e hoje, sem eu saber como, passa os dias agarrado ao telemóvel, que constantemente avisa a recepção de mensagens, passa horas a falar com amigos no msn , tem uma namoradinha com quem se passeia de mão dada, só quer vestir roupas "fixes" e calçar sapatos de certas marcas, escolhidas rigorosamente, e declina firmemente o beijinho da manhã (que era habitual) quando o deixo à porta da escola porque, segundo expressão dele, não quer "fazer figurinhas".
E pronto, com tantos sinais era impossível, por mais que me custasse admitir, não constatar que o meu filhote, o meu bebé que ainda ontem nasceu, já é um pré-adolescente. Começou a chamada "idade do armário"! Tendo já passado por isso 2 vezes seria de esperar que estivesse preparada para mais uma etapa de contestação e exigências de independência mas a verdade é que não estou...mesmo!
É a fase das enormes mudanças no corpo e na cabeça. A insegurança relativamente ao seu aspecto faz com que os quase adolescentes tenham reacções dramáticas a coisas para nós insignificantes, como por exemplo o aparecimento de uma borbulha ou o facto de não terem sido convidados para a festa de um colega.
Quando os nossos filhos começam a dar os primeiros passo na adolescência há a tendência para um afastamento dos pais, fazendo-nos sentir um pouco perdidos em face às mudanças que ocorrem com eles e por vezes não sabendo agir diante delas. Por vezes, com medo de perder o controlo, impomos limites demais e talvez não nos mostremos tão abertos ao diálogo como seria ideal. Eles, por sua vez, sentem-se incompreendidos e ficam com medo de conversar connosco por acharem que vamos reprovar os seus comportamentos e atitudes. Cria-se assim um ciclo vicioso do qual todos saímos prejudicados. Comecei a fazer pesquisas sobre a melhor forma de lidar com esta fase e encontrei dicas bastante boas sobre o assunto.
Para evitar que isso aconteça, transcrevo aqui algumas recomendações de um psicanalista:
. Humor
. Alentejo
. in-util
. Amigos
. Milena
. Vida
. Caty
. Migas
. rcarlos
. Tibéu
. Princesa
. Raio