Para quem acha que é uma ofensa aos poetas portugueses apreciar as letras de Pedro Abrunhosa, aqui vai um poema que também é do meu agrado e, simultâneamente, uma ode ao Alentejo que eu amo. Penso que será do consenso geral que é de uma grande poetisa portuguesa. Sim, porque eu sou uma pessoa de gostos muito ecléticos!
Árvores do Alentejo
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
--- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca
E agora, filhota, estou perdoada?? :-)
"De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?"
Embora não seja grande fã de Pedro Abrunhosa enquanto pessoa porque o acho demasiado arrogante e aquela treta de nunca tirar os óculos me irrita solenemente, posso dizer que tem letras que me agradam bastante. Esta última, "Quem me leva os meus fantasmas" tem versos lindíssimos e a música também é daquelas que fica no ouvido. Se eu pertencesse ao clube dos "Barras Informáticos" colocava aqui a música, assim limito-me a transcrever os versos que mais gosto.
Tenho vindo a acompanhar atentamente o caso da pequena Madeleine, desaparecida há 6 dias no Algarve durante o que supostamente deveriam ser umas agradáveis férias em família.
Aguardo com esperança que o caso tenha um desfecho feliz e que quem decidiu raptá-la se aperceba finalmente do horror que praticou e a entregue, sã e salva, aos seus pais. No entanto, confesso que a cada dia que passa mais essa esperança diminui e mais improvável se me afigura esse facto.
É impossível a quem tem filhos ouvir, indiferente, uma notícia como esta. Penso que não deve haver mãe nem pai no mundo que, ao ouvir os relatos deste desaparecimento e ao ouvir a súplica da mãe, descrevendo como a sua filha é uma criança especial e pedindo que lha entreguem, não tenha sido invadido por uma sensação de horror aliada ao pânico de que lhe possa acontecer o mesmo.
Aterroriza-me como mãe e como educadora pensar que existem no mundo pessoas com tal espírito de malvadez que nem as crianças se inibem de molestar.
Quando ontem assisti a mais uma reportagem sobre este caso ouvi um jornalista dizer que no site da PJ estavam dados e informações sobres este e outros casos de crianças e jovens desaparecidos. Hoje fui ver as fotos e informações e é terrível verificar que há lá crianças que desapareceram há mais de 10 anos e nunca mais foram vistas e fiquei a pensar no que sentirá uma mãe ao saber que o seu filho pode estar vivo algures em qualquer parte do mundo e que pode estar a sofrer horrores nas mãos de pessoas que de seres humanos apenas têm o nome pois não passam de aberrações da natureza.
É uma coisa terrível pois quando se tem a infelicidade de perder um filho por doença ou qualquer outra coisa imagino que seja uma dor insuportável. Mas isto, este perder sem saber se é para sempre, sem saber como estará, se passará privações se a qualquer instante voltará, talvez seja um destino pior que a morte.
Há vozes que nos gritam por todo o lado. Vozes que querem conduzir-nos e, por vezes deixamo-nos levar como se fossemos carneirinhos...todos atrás uns dos outros.
Ouvimos o grito da moda que nos exige que a sigamos como carneirinhos dóceis.Também a publicidade nos grita constantemente..."compra", "experimenta", "usa". Gritam os meios de comunicação e quase nos ensurdecem com as suas críticas constantes, com os seus exageros e até difamações. E os políticos, esses gritam cada um para seu lado, tentando abafar a voz do adversário ou de quem fala contra eles.
Existe também o grito da família que nos exige que mantenhamos as tradições e sigamos de acordo com o que é habitual.
No meio de tantas vozes que gritam, tentando ensurdecer-nos para que não ouçamos os nossos próprios pensamentos, por vezes vamos perdendo a nossa essência, aquilo que faz de cada um de nós um ser único e verdadeiramente especial.
Desde 2ª feira que venho remoendo comigo mesma qual será o motivo do fenómeno Tony Carreira e, tenho que confessar, que continuo perplexa e sem arranjar explicações para comportamentos que me parecem exagerados (para não dizer irracionais).
No dia do concerto logo de manhã, ainda os portões do recinto não tinham aberto, já um grupo de fervorosas fãs se agrupava à porta, ansioso pra entrar e, apartir do momento da abertura dos mesmos até ao início do espectáculo, foi uma autêntica loucura do pessoal, na sua maioria feminino, a tentar ficar o mais perto possível do seu ídolo.
Apesar de não ser apreciadora do género musical em questão mas respeitando os que o são porque gostos não se discutem, resolvi mesmo lá ir dar uma espreitadela para verificar por mim mesma se seria assim como diziam. E era...ainda mais, digo-vos eu.
Foi uma coisa impressionante e nunca vista noutro espectáculo deste certame. Sem dúvida uma aposta ganha. Os milhares de pessoas acumulavam-se de tal forma que era impossível a quem chegou apenas no início do concerto, como foi o meu caso, vislumbrar sequer o cantor.
Havia um mar de gente por todos os lados que se acotovelava tentando furar a multidão, mesmo que para chegar 2 ou 3 cm mais perto tivesse que "espisanhar" cinco ou seis. Falam em 60000 pessoas; não sei se é verdade, mas se for não ficaria minimamente surpreendida.
E é isso mesmo que me deixa estupefacta. Porquê esta espécie de devoção e êxtase perante alguêm que é um ser humano como qualquer outro??!! Analisando bem todos os aspectos...não tem aspecto de estrela de cinema, a voz não é nada do outro mundo, a roupa anda perto do "extremamente piroso", as letras das músicas são lamechas até dizer chega mas...aí está o mulherio ( e também alguns homens, que eu bem vi!) a esgatanhar-se todo por ele, chegando algumas a suplicar de forma pungente nos cartazes que ostentavam "Tony, faz-me um filho".
Realmente, não sei explicar este fenómeno que se me afigura extraordinário mas parece-me que há há muita carênciazinha por aí escondida. Ai isso há, com certeza!
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