Quando considero a duração mínima da minha vida, absorvida pela eternidade precedente e seguinte, o espaço diminuto que ocupo e mesmo o que vejo, abismada na infinita imensidão dos espaços que ignoro e me ignoram, espanto-me e assombro-me de me ver aqui e não lá. Quem me pôs aqui? Por ordem de quem me foram destinados este lugar e este espaço?
A eternidade é o nosso signo. Por isso não sentimos que não existimos antes de começarmos a existir mas apenas que tudo isso que aconteceu, antes de termos existido, foi apenas qualquer coisa a que, por acaso, não assistimos, como a muito do que acontece no nosso tempo. E à morte, invencivelmente a ultrapassamos para nos pormos a existir depois dela.
O prazer que nos dá a história do passado, sobretudo os documentos que no-lo dão flagrantemente, vem de nos sentirmos prolongados até lá, de nos sentirmos de facto presentes nesse modo de ser contemporâneo. Mas sobretudo há em nós uma memória-limite, uma memória absoluta, que não tem nada de referenciável e se prolonga ao sem fim. Do mesmo modo há o futuro que é pura projecção de nós, apelo irreprimível a um amanhã sem termo ou sem amanhã.
Por isso a morte nos angustia e sobretudo nos intriga, por nos provar, à evidência, o que profundamente não conseguimos compreender. Mas sobretudo a eternidade é o que se nos impõe no instante em que vivemos. O tempo não passa por nós e daí vem a impossibilidade de nos sentirmos envelhecer. Sabemo-lo na realidade, mas é um saber de fora. Repetimo-lo a nós próprios para, enfim, o aprendermos, mas é uma matéria difícil que jamais conseguimos dominar.
Por isso estranhamos que os nossos filhos cresçam e se ergam perante nós como adultos que não deviam ser. Por isso estranhamos os jovens pela sua estranheza de que quiséssemos, porventura, ser jovens como eles. Instintivamente sentimos que é um abuso eles tomarem o lugar que nos pertencia e nos desalojem do lugar que era nosso. Por isso sofremos, não bem por perdermos o que nos pertencia, mas pela dificuldade de isso entendermos. Há uma oposição frontal entre o nosso íntimo sentir e a realidade que isso nos desmente.
Somos eternos, mas vivemos no tempo. Somos imutáveis, mas tudo à nossa volta se muda e nos impõe a mudança. Somos divinos, mas de terrena condição. É essa condição que sabemos, mas não conseguimos aprender. Nesta oposição se gera toda a grandeza do homem e a tragédia que o marcou. Os que se fixam num dos termos são deuses iludidos ou animais que não chegaram a homens. Porque, como disse alguém, o verdadeiro homem é deus por vocação e animal por necessidade.
Na nossa vida, bem tão precioso e tantas vezes desperdiçado, somos constantemente confrontados com decisões a serem tomadas. Umas, serão fáceis (que vestir, que cozinhar, onde passar as férias...), outras serão tão difíceis que nos consumirão por dentro até que cheguemos realmente à conclusão de qual o caminho que teremos que seguir para alcançar as nossas metas.
E, quando finalmente chegamos à conclusão do que realmente queremos, do que precisamos efectivamente de fazer para termos, pelo menos, paz de espírito, a única resolução sensata é levarmos a nossa decisão até ao fim pois qualquer outra coisa não faria o menor sentido.
Quando enfrentamos tempos difíceis e adversidades, é importante tentarmos transportá-las rapidamente para um lugar chamado passado. Esquecer as experiências negativas, desagradáveis e as frustrações é necessário para que nos possamos dedicar à construção do futuro. O tempo se encarregará de dissipar os maus momentos.
As pessoas felizes não remoem amarguras e ressentimentos, apenas se preocupam em viver o presente sem perder tempo com aquilo que não resultou como desejariam. É preciso compreendermos que não é necessário desperdiçarmos energias desnecessárias em lamentações e reminiscências do que não vai voltar mais.
Penso que o hábito de fechar a porta do passado é uma das decisões mais saudáveis que podemos tomar e é sinónimo de pessoas que procuram a essência da vida na paz de espírito. Na relação de sucesso/fracasso, a decisão de deixar os fracassos para trás, convertendo as más experiências em alavancas para seguirmos em frente é, julgo eu, o mais recomendável e sensato. Quando ficamos a remoer decepções e desilusões, perdemos um tempo precioso que poderíamos investir na concretização dos objectivos a que nos propusemos. Fechar a porta ao passado e levar connosco apenas o que é agradável e instrutivo habilita-nos, certamente, para o próximo desafio da vida... E a cada passo nos deparamos com um!
Nunca fui grande apreciadora da Mafalda Veiga, confesso. O seu estilo meio "água com açúcar" não são o meu género de música preferido embora também não deixe de apreciar algumas das suas canções. Encontrei, sem procurar, este poema que achei adequado ao meu estado de espírito actual e verifiquei que era a letra de uma das suas músicas. E aqui o coloco, à falta de inspiração para escrever um meu.
E um tempo a viajar pra outro lado
É tão incerto o gesto, é como a dança
De um sopro no vento, abandonado
Levo as mão vazias e a vontade
A força inteira do mundo a respirar
Soltando dentro amarras à deriva
Que me abrem braços noutro mar
Vou procurar rumos só meus
Sem sentir mais nada
Só os meus passos a andar
Só os meus passos a correr
Só os meus passos a atravessar o mundo
O sol arde no branco das paredes
E o calor vai ficando para trás
Já morreu dentro de mim o punho negro
De garras que apertavam sem matar
Sem medo de navegar enfim a sós
Sem medo do que se vê na escuridão
Corro atrás das chamas leves e furtivas
Sem sentir mais nada
Corro atrás de ventos incontidos
Sem ver mais ninguém
Sem sentir mais nada
Só os meus passos a atravessar o mundo
Apesar de todas as contrariedades, o dia de hoje nasceu iluminado! E todos os pássaros, chilreando alegremente, anunciam sem se cansar que é o dia do teu aniversário.
Também as flores se quiseram juntar a esta comemoração, abrindo hoje mais cedo, mais perfumadas e coloridas. Até o céu mostra um azul diferente, mais suave!
Todas as palavras que poderia dizer-te ficam ínfimas e insignificantes face aos sentimentos que gostaria de te transmitir e que nunca conseguiria exprimir dessa forma, apenas com palavras. Vou, no entanto, tentar dizer o melhor que conseguir: A coisa que mais quero é que sejas FELIZ! Infinitamente FELIZ! Extraordinariamente FELIZ! Incessantemente FELIZ! Toda a felicidade do mundo ainda é pouca se comparada com a que te desejo!
Que continues a perseguir os teus sonhos e ideais sempre com essa alegria e entusiasmo que te caracterizam e que continues a ser sempre essa pessoa tão especial que és. Sei que o momento não é fácil e lamento muito por isso mas só quero voltar a ver de novo o brilho alegre do teu olhar e a beleza do teu sorriso sem nada a toldá-lo.
Nunca te deixes abater pelas contrariedades da vida (e elas espreitam a cada passo...) pois a vida é aquilo que possuímos de mais maravilhoso e, como tal, devemos vivê-la em pleno. Vive um dia de cada vez! Tenta sempre escolher acertadamente as tuas prioridades e gerir o teu tempo de forma a aproveitares tudo o que puderes! E lembra-te sempre que os afectos são muito importantes, os valores são fundamentais e que a AMIZADE e o AMOR devem ser sempre os pilares das nossas vidas.
Parabéns, minha filha tão amada!
Muitas vezes falamos de solidão em tom de receio mas, se pensarmos bem, a solidão faz parte de nós toda a vida. Nascemos sós e morreremos sós. Muitos dos aspectos mais importantes das nossas vidas têm a ver com o espaço que temos dentro de nós e onde não permitimos a entrada de ninguém.
O que existe é o receio. É o medo de enfrentar esse medo. Não quero dizer, contudo, que estarei imune a este receio. Não estou e julgo que ninguém estará.
Mas vejamos, estar só não significa sentir-se só e estar rodeado de gente não significa não se sentir solidão. Quantas vezes não sentimos o coração gelado pela solidão enquanto uma multidão nos circunda. E quantas vezes não nos sentimos felizes mesmo estando sozinhos. É tudo uma questão de perspectiva, julgo eu. De descobrirmos o prazer de estarmos na nossa própria companhia, de gostarmos de estar connosco.
É verdade que me preocupa um pouco o futuro. Entristece-me saber que muitos de nós, na velhice, não iremos ter companhia. Parece cruel dizer isto, mas é um facto, acontece e todos sabemos que nos dias que correm acontece ainda com mais frequência. Isto assusta-me, não o nego. Mas não temo sentir este medo. Penso que, se estivermos de bem com o nosso íntimo, a solidão nunca será um inimigo que tenhamos que enfrentar.
Talvez seja assim, talvez não. Talvez eu me considere auto-suficiente e ainda não o seja mas quero com toda a certeza vir a ser. Talvez até esteja errada, mas tenho a plena convicção que a maioria de nós procura nos outros respostas que só conseguirá encontrar dentro de si...
Não pretendo ser uma ilha, quero antes ser como um golfinho e percorrer todos os oceanos e saborear toda a turbulência e toda a calmaria deste mar. E, quando uma onda me empurrar para a praia, eu quero poder lembrar-me que antes de precisar de alguém é de mim própria que eu necessito.
Vivo em busca do sentido da vida e deparo-me com a constatação de que tudo o que vive, não vive sozinho. Há quem diga que a vida é curta, eu própria muitas vezes o afirmo. Mas, na verdade, a vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa felicidade anda aí, disfarçada, como se fosse uma criança a brincar connosco às escondidas.
Infelizmente, há muitas vezes em que isso nos passa despercebido e passamos a nossa existência a coleccionar "nãos": a viagem que não fizemos, o amor que não vivemos, o presente que não demos, as palavras que não dissemos, a festa a que não fomos, o perfume que não sentimos...
A vida é muito mais emocionante quando, em vez de meros espectadores, nos tornamos actores, personagens principais de uma história maravilhosa que nos pode encher dos tais pequenos momentos de felicidade. E, pensando nisto, tomei uma decisão importante. Quero ser o piloto desta viagem e não apenas um passageiro. Quero ser o pássaro que voa e não a pessoa que fica estática olhando o seu voltear. Quero ser a brisa que corre veloz ao invés de ser quem a sente no rosto. Quero ser...tantas coisas! E recuso-me a medir a minha vida em anos, meses, dias, horas ou segundos. Quero medi-la em emoções, sensações, sentimentos e momentos significativos pois ela é feita de breves instantes. Porque a vida é agora e não amanhã. O amanhã pode nunca chegar e eu quero poder dizer, quando chegar a minha hora de partir...vivi!
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