Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas hipóteses que se perderam por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no "Outono".
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O quase não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Nem que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao nosso alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência. Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
De
Straycat a 19 de Dezembro de 2007 às 14:54
De vez em quando venho ler as suas novas mensagens. Por aquilo que me é dado a avaliar na sua escrita, acho que é uma pessoa inteligente, com profundidade e compaixão. Os seus textos são um bálsamo neste dia-a-dia doloroso que vivemos.
Obrigada pelos seus votos de Boas Festas.
Que tudo o que deseja se realize (nem que tenha de lutar por isso) e que a sua vida nunca mais tenha um "Quase".
Desejo-lhe um Bom Natal e o Ano Novo melhor de sempre.
Um abraço desta sua colega bloguista,
Straycat
http://gatocomvertigens.blogs.sapo.pt/
Muito obrigada pelo seu comentário tão querido. Fiquei muito contente por saber que o que escrevo tem alguma serventia para alguém. Às vezes ponho tudo em dúvida, até mesmo o que escrevo e coloco aqui.
Um beijinho natalício pra si com amizade
De
My Way a 19 de Dezembro de 2007 às 18:55
A vida do "quase" não é vida, é sobreviver sem viver...
Por isso acham que os loucos são aqueles que deixam tudo e todos para investir numa loucura...
E quem será mais feliz? Os que criticam, ou os que assumem as suas loucuras...
Se uma vida feliz é aquela que acumula mais momentos de felicidade, então que o coração nos leve sempre ao que nos faz realmente feliz, isso a maior parte das vezes, é condenado pela sociedade... mas é a sociedade que está errada... nunca será o "quase" a ter a razão...
Completamente de acordo. Abaixo o "quase"! Muito obrigada pelo comentário e pela visita.
Cumprimentos
Completamente de acordo. Abaixo o "quase"! Muito obrigada pelo comentário e pela visita.
Cumprimentos
De Pat a 19 de Dezembro de 2007 às 19:39
Gostei muito muito! Os cinzentos precisam destes empurrões...
O pior é que também eu me sinto cinzenta mais vezes do que gostaria. Nem todas as pessoas conseguem ser um arco-íris como tu.
Beijinhos
antes quente ou frio... o morno sempre me incomodou e nunca soube bem porquê.
O texto é magnífico e leva-nos a pensar no marasmo em que muitas vezes deixamos cair as nossas vidas.
Mil beijinhos
Tensa razão amiga, quando damos por isso somos apenas fantoches que fazem tudo o que se espera e nada mais. Muito obrigada pelas tuas palavras.
Muitos beijinhos natalícios para ti
De
Joe Ant a 20 de Dezembro de 2007 às 13:59
Luz,
Ontem fiz um link deste post no meu blog.
Uma vez mais o meu bem haja pela óptima narrativa.
BOAS FESTAS e FELIZ ANO NOVO para você e todos os seus
Muito obrigada pelas suas palavras elogiosas. Visitei o seu blog mas infelizmente não entendi bem o sitema de colocação de comentários e depois de várias tentativas em que me dizia que o url estava incorrecto acabei por desistir.
Desejo-lhe um Santo e Feliz Natal, com o sapatinho recheado do que nos faz mais felizes: Saúde, paz e amor.
Cumprimentos
A falta de coragem muitas vezes não nos deixa realizar tudo o que queremos. É pior começar e desistir do que nunca começar. É o tal quase.
Lindo texto
Bjs
Muito obrigada amiga pelas tuas visitas e comentários.
Beijinhos natalícios com amizade
De
Pérola a 22 de Dezembro de 2007 às 15:16
"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase."
Conseguiste colocar o meu tormento numa frase. Obrigada!
Beijos e um excelente Natal para ti!
Espero que esse "quase" se dissipe rapidamente e se transforme numa certeza! Muito obrigada pelo teu comentário. Votos de um 2008 cheio de dias inesquecíveis e maravilhosos onde o quase não exista.
Um beijinho
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