Educadores vs professores - Duas histórias... |
Duas histórias:
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As aulas práticas, sempre pedagógicas!
"Os pais dos alunos com comportamentos violentos nas escolas britânicas vão passar a ser multados num valor que pode ir até aos 1450 euros. 'As intimidações verbais e físicas não podem continuar a ser toleradas nas nossas escolas, seja quais forem as motivações' sublinhou a Secretária de Estado para as Escolas. Disse também que ' as crianças têm de distinguir o bem e o mal e saber que haverá consequências se ultrapassarem a fronteira'. Acrescentou ainda que 'vão reforçar a autoridade dos professores, dando-lhes confiança e apoio para que tomem atitudes firmes face a todas formas de má conduta por parte dos alunos'. A governante garantiu que 'as novas regras transmitem aos pais uma mensagem bem clara para que percebam que a escola não vai tolerar que eles não assumam as suas responsabilidades em caso de comportamento violento dos seus filhos. Estas medidas serão sustentadas em ordens judiciais para que assumam os seus deveres de pais e em cursos de educação para os pais, com multas que podem chegar às mil libras se não cumprirem as decisões dos tribunais'. O Livro Branco dá ainda aos professores um direito 'claro' de submeter os alunos à disciplina e de usar a força de modo razoável para a obter, se necessário."
Em Portugal, como todos sabemos, o panorama é radicalmente diferente. Por cá, continua a vingar a teoria do coitadinho: há que desculpabilizar as crianças até ao limite do possível, pois considera-se que o aluno é intrinsecamente bem formado, o que o leva a assumir comportamentos desviantes são factores externos (contexto social e familiar) que ele coitado não consegue superar. Temos assim que o aluno raramente é penalizado e quando o é, os castigos ficam-se na sua maioria por penas ligeiras, não vá correr-se o risco de o menino/a sofrer traumas que o podem marcar para o resto da vida. As notícias sobre actos de vandalismo, de agressão, de indisciplina e de violência praticados em contexto escolar que, com progressiva frequência vamos conhecendo, deviam merecer da parte de quem tutela a educação, medidas mais enérgicas que infelizmente tardam em chegar.
P.S. - Recebido por mail.
Para se assinalar o Dia Mundial da Alimentação, resolvemos fazer um lanche saudável ao meio da manhã com os miúdos e convidámos para vir à nossa escola uma enfermeira e uma nutricionista para falarem às crianças sobre alimentação saudável.
Tendo acedido ao nosso convite, exibiram uma apresentação em powerpoint, onde realçavam a importância do pequeno-almoço como sendo a refeição mais importante do dia. A nutricionista frisou quais eram os alimentos saudáveis para um bom início de dia e perguntou quem comia cereais ao pequeno almoço. A maioria dos alunos levantou o braço. Depois pediu-lhes que quem comesse cereais achocolatados baixasse o braço e... quase toda a gente o baixou.
Ela lá explicou os malefícios dos cereais com chocolate e nisto sai-se um com esta resposta : "Essa é boa, se eles estão lá nos supermercados é porque são para nós comprarmos!".
Como dizia o saudoso Fernando Peça, e esta, hem?!
A alegria que se sente num reencontro é sempre muito especial. Mais especial ainda quando se trata de reencontrarmos pessoas, neste caso crianças, com quem vamos passar a maior parte do tempo durante os próximos meses.
Este ano, para além dos meus alunos do ano passado que transitaram para o 4º ano, recebi também os meninos que vêm para o 1º. Há, neste caso, todo um processo de descoberta mútua que levará à afirmação inequívoca dos laços de amizade e carinho que nos unirão ao longo do ano e mais além.
Nestes 2 ou 3 dias de convívio já deu para perceber que é um grupinho interessante, com uns meninos muito interessadas e briosos que rapidamente terminam as suas tarefas, outros mais lentas mas não menos empenhados e, como em todas as turmas, há também o chamado "palhacinho". Ele próprio se intitula de palhaceiro e está sempre disposto a fazer observações nem sempre oportunas, que causam a gargalhada geral, com que se delicia pois é mesmo esse o seu objectivo.
Para além disso é também uma criança com uma enorme imaginação, que se pode reconhecer no seguinte diálogo ocorrido na sexta-feira.
- Professora, quero pedir-lhe muita desculpa!
- Porquê, L.?
- Porque hoje tive mesmo que trazer o meu animal de estimação para a escola.
- Ai sim? (Aqui já eu estava com receio que fosse alguma aranha ou gafanhoto, o que me levaria a sair disparada pela porta fora...) E onde está ele?
- Ficou lá fora em cima da árvore.
-Ah, é um passarinho?
- Não...é uma chita. E se calhar, p'ra semana, trago o meu elefante. O pior é que acho que ele não cabe no portão.
Foi a risota geral, comigo a fazer um esforço para não me rir enquanto lhe respondia:
- Se não couber no portão da frente, abrimos o detrás, não te preocupes.
E ainda dizem que os jogos de playstation e PC matam a imaginação...
Lentamente, as férias vão-se desvanecendo. O marido e os filhos de regresso ao trabalho, restamos eu e o teenager, ainda a gozar os últimos dias que, na verdade, já cheiram a regresso, a fim de umas coisas e início de outras.
Novos alunos, passarinhos pequeninos que vêm pela primeira vez para a escola, cheios de vontade de aprender (espero eu...), cheios de expectativas em relação a mim, aos colegas, à nova escola tão diferente daquela a que estavam habituados. E, estranhamente, dou por mim cheia de ansiedade, como se fosse o primeiro ano que passo por isto.
Cada nova turma é sempre uma incógnita, uma carta fechada que não sabemos bem o que contém. De certa forma, julgo que teria sido melhor não saber nada sobre os alunos que vou receber ao invés de ter já uma ideia antecipada do que me espera, que não será tão fácil como desejado.
Como todos os anos, sei que, passados os primeiros dias mais instáveis em que travamos conhecimento mútuo, nos adaptamos uns aos outros e que ficamos a saber o que nos espera ao longo do ano, tudo começa lentamente a "encaixar" como se de um puzzle se tratasse.
E então, quando a imagem do puzzle está completa, com todos os pedacinhos preenchidos, é altura de rumar calmamente até Junho, onde chegaremos todos certamente mais ricos.
Frequentemente me acontecem pequenas coisas, que não sendo catastróficas nem dignas de grandes menções, me causam transtorno, aborrecimentos, insónias...chatices, para falar bem e depressa.
Coisas do género de me desaparecerem todos os documentos que tenho guardados na pen, o que me provocou um "quase ataque de pânico". Ou de me aparecer um pequeno risco na porta do carro. Ou de receber uma carta da PT a dizer que devia mais de 700 € (que, depois de infindáveis telefonemas, se verificou ser engano). Ou de a minha mãe partir o braço e eu estar tão longe que não posso ajudá-la em nada. Um sem fim de pequenos "poucos" que, juntos, se vão tornando "muitos" de tal maneira que tenho dias em que só me apetece gritar, fugir ou qualquer coisa dramática do género.
Bem, da última que me aconteceu, o mínimo que posso dizer é que é sui generis. Estava eu na escola, embrenhada em relatórios e atolada em papéis até às orelhas, quando recebo um documento que se tratava, nada mais nada menos, do que um recurso interposto pela encarregada de educação de um aluno meu que frequentou este ano o 4º ano de escolaridade.
Para quem não sabe, os recursos são medidas legais que podem ser utilizadas pelos pais quando não concordam com a avaliação dos seus educandos podendo, então, recorrer da decisão tomada pelos docentes envolvidos no processo.
Até aqui nada de extraordinário. Há muitos encarregados de educação que, julgando que têm verdadeiros génios em casa e não aceitando muitas vezes as limitações dos próprios filhos, acham que eles devem transitar mesmo que isso implique irem mal preparados para o ano seguinte. É um direito que lhes assiste e, embora não seja frequente, por vezes acontece.
Agora o caso do recurso que me foi apresentado, é que me parece verdadeiramente inédito: a referida encarregada de educação, que é uma pessoa que nunca compareceu à escola senão no final do ano, tendo então recebido a informação relativa ao seu filho, aceitando tudo o que lhe foi exposto, matriculando de seguida o menino no 5º ano de escolaridade, insiste agora no facto de que deseja que ele permaneça na minha turma mais um ano! Sim senhora, a mãe quer que o seu filho fique retido no 4º ano de escolaridade alegando que não tem maturidade para ir para o 5º!
Em ar de brincadeira já disse à minha colega "Já viste? Sou tão boa que até interpõem recursos para os filhos ficarem comigo mais uma ano!". Brincadeiras à parte, a verdade é que este aborrecimento já me fez perder muito tempo com relatórios justificativos da minha decisão e mais reuniões, a juntar a todas as outras a que tenho que comparecer. Destas só a mim é que me acontecem, podem ter a certeza!
Este post surge no seguimento dos comentários que as minhas amigas Princesa e realidade de um sonho me deixaram a propósito do meu post anterior, onde referiam as suas más memórias relativamente às suas professoras do ensino primário e do que sofreram durante esses anos.
Depois de ler as suas palavras, fiquei a pensar como fui realmente privilegiada durante os meus anos de escola. A minha professora dos 4 anos da primária era uma querida e, embora também desse as suas reguadas quando se irritava, não era nada do outro mundo.
Eu tive a sorte de apenas ter levado uma durante os 4 anos e, no final, ela ainda me pediu desculpa pois viu que tinha sido injusta comigo. É verdade que eu sempre fui uma criança sossegada e uma óptima aluna e talvez também por isso as minhas recordações sejam melhores. Mas, no geral, não era uma pessoa agressiva ou distante e todos gostávamos dela. Ainda hoje me emociono quando a vejo e ela, apesar dos anos que passaram (e não foram poucos...), ainda se lembra do meu nome e de pormenores da nossa vida escolar em conjunto que me deixam boquiaberta.
Mas sei perfeitamente que nem todas as pessoas tiveram a mesma sorte que eu e isso deixa-me profundamente triste. A propósito disto lembrei-me de uma coisa que aconteceu há já 13 anos. Estava, nesse ano, a leccionar numa localidade aqui perto e um aluno partiu o vidro da janela com uma bola. Mandámos chamar um vidraceiro para reparar os danos e, quando o senhor chegou, mandei-o entrar na sala e ele ficou parado à porta sem se resolver a entrar.
Fui até ao pé dele, pensando que ele talvez não tivesse visto o meu gesto a pedir-lhe para entrar e vi que ele estava branco e até parecia não estar a sentir-se bem. Como era uma pessoa já de certa idade, fiquei preocupada e perguntei-lhe se havia algum problema. Fiquei chocada quando ele me responde "Professora, a senhora não sabe o sacrifício que eu vou fazer para entrar na sua sala". Devo ter ficado com cara de tola a olhar para ele porque se apressou logo a explicar que não tinha nada a ver comigo. Contou-me então que aquela tinha sido a sua sala da primária e tinha lá sofrido horrores. A história que me contou parecia um filme de terror. O seu professor chegou ao ponto de espalhar pedras ou bagos de milho nos cantos da sala e, se algum abrisse a boca durante o dia, obrigava-os a ajoelhar nas pedras e só se podiam levantar quando os joelhos sangrassem. Esta foi apenas uma das atrocidades que aquele senhor me contou, com uma cara de sofrimento que me deixou com um enorme aperto no peito. Foi de tal maneira que até um braço aquele professor partiu a outro aluno da sala, com uma paulada que lhe deu.
E ninguém se queixava porque tinha medo de maiores represálias. Era o tempo em que os alunos eram "tomados de ponta" e isto era sinónimo de que os professores não lhes ligavam nada até ao fim do ano, coisa que apavorava qualquer pai. Era também o tempo em que se julgava que as crianças aprendiam melhor se estivessem aterrorizadas e com pavor do que aconteceria se não soubessem a lição. E ainda o tempo em que se acreditava que não havia alunos com dificuldades e sim "madraços" que não ligavam à escola e, por isso, dignos de desprezo.
Quando comecei a trabalhar, há 22 anos, ainda havia desses professores do tempo antigo. Dos que acreditavam que o respeito se conquistava à reguada e ao estalo na cara e isso, francamente, nunca consegui entender. Sempre achei que com amor se educa melhor do que com ódio e nunca fui adepta da "pancadaria".
Mas também acho que uma palmada no rabiosque, no momento oportuno, não mata ninguém e faz milagres. No entanto, actualmente, caiu-se no extremo oposto e não se pode tocar nos meninos nem com uma flor, sob pena de sermos acusados de violência. É agora o tempo em que temos que aguentar tudo e mais alguma coisa, em que apanhamos alunos que nos mandam para sítios que nunca imaginámos e que levam facas para a escola. É o tempo em que os alunos se sentem no direito de dizer a um adulto "Tu não mandas em mim porque não és minha mãe/pai" quando na verdade somos mães, pais, enfermeiras, psicólogas, amigas...tudo e mais alguma coisa.
Minhas amigas, lamento muito que as vossas recordações do vosso tempo de escola sejam tão más e lamento não poder fazer nada para remediar esse facto. A única coisa que posso fazer é continuar a tentar que os meus alunos recordem sempre a sua infância como uma das melhores épocas da sua vida.
Mais um ano lectivo que hoje termina para mim. Não, não estou já de férias. É apenas o último dia em que vou estar com os meus alunos. Um grupo deles continuará comigo, pelo menos mais um ano. Mas os outros, os outros são passarinhos que saem do ninho e que vão voar para outras paragens.
Trabalhei dois anos com eles. Durante este tempo ri, ralhei, aconselhei, ensinei e também aprendi muito e chegou agora a hora de lhes dizer adeus e desejar "BOA SORTE". Fica sempre um aperto no peito, embora saiba que não vão para longe e que de vez em quando me irão visitar. É quase como se fossem filhos que saem de casa, cresceram e têm agora que seguir o seu caminho.
Dizia-me ontem uma aluna "A professora vai chorar no último dia, não vai? Chora sempre...". E eu fiquei a olhar para ela, que estava toda sorridente, e a pensar como ela me conhece bem. Tão bem como eu a conheço a ela. Como os conheço a todos eles. Sei tão bem o que os faz rir, os que os faz ficar sérios... O que cada um gosta e detesta.
Durante estes dois anos passei tanto tempo com eles...quase tanto como os próprios pais, que são quase como filhos para mim. E aprendi tanto com eles que é impossível deixá-los ir sem lhes dizer "Obrigada por tudo! Nunca vos esquecerei!"
Ufff, acabei de corrigir todas as fichas de avaliação! Agora só para o ano é que há mais mas, por enquanto, não quero pensar nisso. Só quero pensar em praias de areia branca e mar muito azul, em passeios, em jantaradas com amigos e tudo o mais a que tenho direito depois de uma ano exaustivo como este foi.
Agora ainda falta o resto do trabalho burocrático que se prolongará até dia 15 de Julho mas, sem os miúdos, é outra coisa...uma paz, um silêncio...
Gostaria de partilhar convosco algumas "pérolas" que surgiram nas fichas que acabei agora de corrigir. Para quem não sabia, fica agora a saber que um conjunto de lobos é uma alcatifa. Sim senhora, uma alcatifa! Deve ter alguma coisa a ver com o pêlo dos ditos animais que talvez lhe tivesse feito lembrar um tapete felpudo. E de tapete a alcatifa toda a gente sabe que é um pulinho...
Outra resposta muito interessante é a que é dada por um aluno de 3º ano à pergunta "Indica dois meios de comunicação pessoal". a resposta brilhante é "Farmácia e bancário". Aqui, e embora eu bem tenha tentado, não consegui mesmo fazer associação nenhuma, o que foi extremamente frustrante!
Fiquei ainda a saber que os meios de transporte que se abrigam nos portos são os aviões e as avionetas e que os factores que influenciam a agricultura das várias regiões são o limoeiro e o orifero (seja lá isso o que for).
E agora digam lá se não são umas férias bem merecidas!
Usando uma frase da minha avó (que Deus a tenha em descanso) "Há cada coisa que parecem duas"! A semana passada, na minha escola, houve um acontecimento que fez a vila ficar em estado de sítio. Passo a contar...Chego de manhã e deparo-me com os pais de um aluno meu, exaltadíssimos, que esbracejavam e, mesmo ao longe, via-se perfeitamente que estavam fora de si.
Se fossem pessoas habitualmente calmas tinha ficado logo alarmada, mas como são useiros e vezeiros em cenas de "faca e alguidar" chegando inclusive a ameaçar uma das nossas auxiliares de morte apenas porque, tendo o menino na cantina atirado com o prato da sopa para cima da senhora, ela lhe disse que, como castigo, não comeria sobremesa, não fiquei muito preocupada.
Mas quando chego lá ao pé a notícia que me davam deixou-me meio atarantada. Segundo eles, o filho e outro aluno meu tinham sido quase raptados no dia anterior por um homem misterioso que queria saber onde eles moravam e lhes tinha dado, inclusive, rebuçados.
Nem sequer me vou alongar sobre o facto de fazermos imensas acções de sensibilização aos alunos para nunca se aproximarem de pesssoas estranhas... É claro que fiquei preocupada! Qualquer adulto consciente ficaria, penso eu!
Deram-nos a matrícula do carro, a cor, a descrição do homem e do que tinha vestido e a GNR foi contactada. Falei com os meninos (um de cada vez) e a história mantinha-se, salvo algumas inconsistências que poderiam dever-se a terem ficado nervosos com o acontecido. Veio o guarda e eles muito encantados da vida com a atenção de que estavam a ser alvo.
Bem, para abreviar a coisa vou apenas acrescentar que, depois de um dia inteiro de desassossego e de muito falarmos com eles, lá se descaíram que tinha sido tudo uma patranha inventada. O que nem um nem outro conseguiu explicar é porquê.
Também ainda não conseguimos entender como é que dois alunos que para as matérias leccionadas têm tão pouca inteligência, conseguiram inventar este enredo cinematográfico demonstrando uma imaginação sem limites!
P.S.-Ah, é verdade, na vila anda tudo preocupadíssimo porque anda por lá um homem que quer roubar os meninos!!
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