E aí está à porta mais um Carnaval. Da minha parte tenho que confessar que cada vez acho menos gracinha a uma época que já foi de saudável divertimento e que, actualmente, serve apenas de pretexto para grupos de jovens andarem pelas ruas a importunarem quem passa com irritantes balõezinhos de água e bisnagas que outrora se enchiam de água e que agora levam dentro líquidos fedorentos e até lixívia ( só porque é bué fixe" andar a estragar a roupa aos outros...).
Tenho saudades das tardes de Carnaval que passávamos na rua a jogar ao Fum-Fum ", que consistia em encher uma bilha de barro, já velha, com cinzas, carvão e farinha. Depois fazia-se uma grande roda de rapazes e raparigas, que atiravam uns aos outros a dita bilha até que um desgraçado tivesse a triste sina de a deixar cair. Aí, íamos todos encher as mãos da "porcaria" que estava dentro da bilha escaqueirada e corríamos atrás do que a tinha partido até o apanharmos e lhe sujarmos a cara toda com aquela mistela.
Era também o tempo dos bailes de Carnaval na Sociedade da minha terra, em que todos tentavam encontrar máscaras que impossibilitassem o reconhecimento por parte dos outros para podermos pregar partidas à vontade.
Ainda recordo um Domingo Gordo em que juntámos um enorme grupo de raparigas e invadimos o jogo de futebol da equipa da terra a jogar uma partida importante, só porque algumas delas namoravam jogadores de futebol. Tudo a gritar e a espernear e nós, feitas tontas, com meias na cara, chapéus e boinas, fatos de macaco e botifarras. andámos por ali a correr até nos apetecer ir embora. Às tantas a galhofa já era mais que muita e os jogadores entraram na brincadeira fingindo que nos queriam apanhar para ver quem éramos...como se eles não soubessem!
Nos principais dias de Carnaval havia grandes desfiles, com carroças decoradas e atrelados puxados por tractores, com grupos de mascarados lá em cima que atiravam papelinhos e serpentinas a que assistia, nas ruas. Tudo muito simples mas muito português, era um Carnaval nosso e de mais ninguém.
Agora, onde quer que se vá, o espectáculo é invariavelmente o mesmo: meninas que julgam estar no Rio de Janeiro, onde as temperaturas são altas, e que se passeiam abanando a "bundinha" (quantas vezes cheia de celulite...) desfilando cheias de plumas e paetês , como se estivéssemos em pleno Brasil. Depois contratam-se uns artistas pseudo-famosos , de preferência brasileiros, que vão com um ar meio enfastiado em cima de um carro alegórico acenando às pessoas que tiveram que pagar para entrar no recinto onde passa o desfile.
Perdoem-me, mas isto para mim já não é Carnaval nem é nada!
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