Observo o homem que cospe fogo, com o seu espectáculo nada elaborado. De adereços, apenas uma pequena mesinha e um leitor de cd's portátil ligado a duas minúsculas colunas. Fala em inglês porque é essa a sua nacionalidade. Como, aliás, acontece com a grande maioria das pessoas que se encontram em redor da pequena praça.
Nem sempre as coisas lhe correm como ele desejaria, os objectos que manuseia com à vontade por vezes caem ou apagam mas ele não demonstra importar-se com isso. Dá uma pequena gargalhada e continua a fazer o que gosta. É isso que o torna, de certa forma, especial. É vísivel a todos que sente paixão pelo que está a fazer e isso transmite-se a todos os presentes.
No final do seu pequeno espectáculo, coloca-se no meio da praça com um pequeno chapéu surrado e que já conheceu melhores dias e, continuando sempre com o seu sorriso simpático, vai explicando que precisa do que lhe dão para conseguir comer.
Da nossa generosidade vai depender o continuar a fazer o que gosta, vivendo numa constante aventura, ou ter que voltar para o seu país, para um emprego sensaborão que certamente lhe roubará o seu ar de gaiato. E ninguém quer ser responsável por esse regresso, pelo que o chapéu rapidamente fica cheio.
E, de repente, dou por mim a desejar estar no seu lugar, a viver aquela vida sempre inesperada e insegura mas, certamente, muito feliz.
Gosto de ficar assim, de olhos fechados tentando absorver tudo à minha volta. Desta forma tudo é mais vivido, mais sentido. Nesta praia, habitada por gente das mais diversas idades, de diferentes cores e formas, a fazerem as milhares de actividades que se podem efectuar neste local tão familiar e tão banalizado, mas ainda assim tão belo e tranquilo, deito-me sobre a areia molhada e fecho os olhos.
Tento encontrar um equilíbrio e quando sinto que estou relaxada e pronta para ouvir qualquer coisa, tento não pensar em nada, focando-me no barulho em forma de burburinho que vem das pessoas ao meu redor.
Centro o meu pensamento para uma única voz. Mas rapidamente concluo que não consigo ouvir apenas uma pessoa, o som que me chega aos ouvidos é de um colectivo, esse que chega a ser ensurdecedor com os seus gritos, tão iguais, tão constantes...
As crianças, são essas que mais se ouvem na praia. A brincarem num jogo livre, ora empurrando as suas bolas de cores mil, ora correndo, deambulando num movimento que se repete vezes sem conta. Criando formas com grãos de areia embebidos em água salgada. Escavam túneis sem saída. Chamam alguém, na esperança de terem a atenção que merecem. Roubam um sorriso ao casal de enamorados que passeia. Sentem as ondas frias a tocarem na pele e por vezes caem. Mas erguem-se de novo, para voltar a repetir a queda, porque são assim os meninos que exploram o ambiente, em aventuras genuínas. Parecem eles donos do areal e reis de uma ilha imaginária.
Também eu já fui assim e hoje, hoje, só me apetecia voltar a essa ilha...
É bom estar assim. Nada para fazer a não ser sentir o mar. O cheiro do mar tem um tempero que os cozinheiros desconhecem, um sabor que os peixes mais apetitosos deixam apenas adivinhar, um som que os cristais mais puros não são capazes de produzir.
O cheiro do mar é quente como o sol que tosta a pele, deixando plantadas sementes de sal.
O cheiro do mar é um odor intenso e por vezes profundo, como profunda é a mais longínqua escuridão, perdida em lugares nunca sequer imaginados.
O cheiro do mar, é apenas isso: um cheiro. O mar é que é tudo o resto, esta imensidão que me hipnotiza.
Nada mais para além de muita praia, muito sol, muito de tudo o que nos faz verdadeiramente felizes...Até ao meu regresso!
Uma das sensações mais agradáveis que podemos sentir ao longo de todo o ano é, certamente, a que se tem na véspera de ir de férias. É um sentimento de antecipação do que está para vir, dos momentos de lazer bem merecidos, da descontracção há tanto ansiada e finalmente encontrada. Nem o facto de termos um trabalhão a arrumar tudo o que pensamos vir a ser necessário (no meu caso, metade do que levo nunca chega a ser utilizado...), nos tira o sorriso do rosto.
Este ano tenciono realmente descansar o corpo e a cabeça fazendo coisas que me dão prazer:
- Pôr a leitura em dia;
- Passear à beira-mar;
- Estar mais tempo com os amigos;
- Aproveitar para ir ao cinema, teatro ou qualquer outro espectáculo;
- Sentar-me e deixar-me ficar, apenas a absorver o tempo;
- Fazer só aquilo que me apetecer, quando me apetecer;
- Procurar usufruir de cada momento, sem estar a antecipar cada dia;
- Não pensar no fim das férias. O importante é mesmo gozá-las.
Resumindo, tenciono aproveitar bem as férias para regressar em grande, cheia de novas idéias, fresca e sã. Nada como umas boas férias para poder voltar a mim mesma!
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