Que saudades eu tenho dos meus tempos de menina. De sentir que tudo era passível de ser conquistado nesta vida desde que se lutasse por isso. Foi uma infância tão feliz, a minha, com a minha mãe sempre presente e cheia de tempo para mim.
Na minha infância o tempo não tinha “peso”. Era uma espécie de pluma colorida que flutuava ao sabor da brisa, na eterna brandura de dias longos e inimitáveis em que, na brevidade dos minutos, se bebiam horas de alegria e de prazer.
Na minha infância o tempo não tinha “pressa”, nem fazia exigências. Era um amigo, um companheiro de brincadeiras de sorriso travesso e rasgado que jogava, sempre, a nosso favor.
Na minha infância o tempo ainda não tinha aprendido a “correr”. Sabia, apenas, caminhar e fazia-o sem sobressaltos, a pequenos passos de criança para um fim anunciado que, no entanto, se perdia de vista nos confins do horizonte.
Na minha infância não se “perdia” o tempo. Isso era uma impossibilidade, já que ele era tão abundante que sobrava sempre, em demasia.
Na minha infância, nunca se confundia o tempo com as condições meteorológicas do país. Um e outro conceito significavam, apenas, que se estava numa das quatro estações do ano. Por isso, quando os dias eram “negros” não se procuravam razões obscuras, estava-se, simplesmente, num dia de Inverno.
Na minha infância, tudo parecia duradouro e perene. Não havia “tempo morto”, nem ninguém sentia necessidade de arranjar pretextos para “matar o tempo”.
Na minha infância valorizava-se a lealdade. Não me recordo de quem quer que fosse, que incorresse, sequer, no pensamento de pretender “enganar o tempo” e se alguma vez se tentava “empatar tempo”, era apenas por questões de igualdade e “fair-play”, nunca por ócio ou preguiça.
Na minha infância, o tempo era total e absoluto, valia por si, não precisava do relativismo de apêndices para se impor na vida de cada um e todos eram muito mais felizes…
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