Sonhar é sair pela janela da liberdade,
Sigo pelo mar azul
Navego ao sabor do vento
Não tenho amarras por perto
Nem baias no pensamento
Em frente, só o limite
Que o tempo me quiser dar
Deixo os porquês à espera
De quem quiser perguntar.
É no quebrar da corrente
No pleno grito lançado
Que a alma leve se eleva
E a vida larga o passado.
Nunca fui grande apreciadora da Mafalda Veiga, confesso. O seu estilo meio "água com açúcar" não são o meu género de música preferido embora também não deixe de apreciar algumas das suas canções. Encontrei, sem procurar, este poema que achei adequado ao meu estado de espírito actual e verifiquei que era a letra de uma das suas músicas. E aqui o coloco, à falta de inspiração para escrever um meu.
E um tempo a viajar pra outro lado
É tão incerto o gesto, é como a dança
De um sopro no vento, abandonado
Levo as mão vazias e a vontade
A força inteira do mundo a respirar
Soltando dentro amarras à deriva
Que me abrem braços noutro mar
Vou procurar rumos só meus
Sem sentir mais nada
Só os meus passos a andar
Só os meus passos a correr
Só os meus passos a atravessar o mundo
O sol arde no branco das paredes
E o calor vai ficando para trás
Já morreu dentro de mim o punho negro
De garras que apertavam sem matar
Sem medo de navegar enfim a sós
Sem medo do que se vê na escuridão
Corro atrás das chamas leves e furtivas
Sem sentir mais nada
Corro atrás de ventos incontidos
Sem ver mais ninguém
Sem sentir mais nada
Só os meus passos a atravessar o mundo
Confio
Hoje,
Que a desesperança,
Quase tomou conta de mim,
Pensei…
Que se uma andorinha negra,
Traz consigo as cores da primavera,
Se a seguir a negrura de uma noite escura,
O sol trás consigo as cores e o cheiro do dia,
Se o bater na rocha das fortes marés
Produz cristalinos grãos de areia,
Que se o temor da tempestade medonha,
Faz desejar um porto seguro,
Que a seguir à dureza da aprendizagem,
Vem sempre o gosto do conhecimento,
Porque não confiar
Que a seguir à desesperança,
Vem sempre uma nova esperança.
Passo este desafio, que me foi oferecido pela Maria (Obrigada, amiga) a quem o desejar aceitar. Consiste em escrever um poema sobre a confiança.
Felicidade não tem peso,
nem tem medida,
não pode ser comprada,
não se empresta,
nem se pede emprestada.
Só pode ser legítima.
Felicidade falsa não é felicidade.
É ilusão.
Mas, fazendo as contas na medida do bem,
diria que a felicidade pode ter tamanho,
pode ser grande, pequena,
caber nas conchas da mão,
ou ser do tamanho do mundo.
Felicidade é sabedoria, esperança,
vontade de ir, vontade de ficar,
presente, passado, futuro.
Felicidade é confiança:
fé e crença,trabalho e acção.
Não se pode ter pressa de ser feliz,
porque a felicidade vem devagarinho,
como quem não quer nada.
Ser feliz não depende de dinheiro,
não depende de saúde,
nem de poder.
Felicidade não é fruto da ostentação,
nem do luxo.
Felicidade é desprendimento,
não é ambição.
Só é feliz quem sabe suportar, perder,
sofrer e perdoar.
Só é feliz quem sabe, sobretudo, amar
Versos! Versos! Sei lá o que são versos…
Pedaços de sorriso, branca espuma,
Gargalhadas de luz. cantos dispersos,
Ou pétalas que caem uma a uma.
Versos!… Sei lá! Um verso é teu olhar,
Um verso é teu sorriso e os de Dante
Eram o seu amor a soluçar
Aos pés da sua estremecida amante!
Meus versos!… Sei eu lá também que são…
Sei lá! Sei lá!… Meu pobre coração
Partido em mil pedaços são talvez…
Versos! Versos! Sei lá o que são versos..
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que não crês!…
Florbela Espanca - Trocando olhares -
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
(Sebastião da Gama)
Pequenino está deitado
Em palhinhas, Deus infante
Ai! Não há no céu estrelado
Astro de oiro mais brilhante
Correi pastorinhos
Depressa a Belém
Co’a alma em carinhos
Por Deus nosso bem
Oh! Levai-lhe cordeirinhos
Todos brancos de candura,
De lã branca, com arminhos,
De olhos meigos de ternura.
Mais que a estrela do Oriente,
Mais que o oiro dos Reis Magos,
Jesus preza o inocente
E dos pobres quer afagos.
Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma de gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!
Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!
Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minhalma
Que chorasse perdida em tua voz!
FLORBELA ESPANCA
. Sonhar
. Navego
. Passos
. Desafio
. Se...
. Humor
. Alentejo
. in-util
. Amigos
. Milena
. Vida
. Caty
. Migas
. rcarlos
. Tibéu
. Princesa
. Raio